THE BIRDS: AN EDUCATIONAL RESOURCE / LES OISEAUX COMME RESSOURCE PEDAGOGIQUE. AS AVES ENQUANTO RECURSO PEDAGÓGICO. LET´S FLY...

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Pelos livros é que voamos...

As aves proporcionam terra fértil ao ensino formal e não-formal mas, definitivamente, não são um fim em si. Sobre isto alerta-nos, e bem, Luís Filipe Oliveira em “Educação Ambiental – um guia prático para professores, monitores e animadores culturais e de tempos livres”, editado pela Texto Editora, em 1992. Embora proponha diversas actividades com recurso às aves não deixa de reforçar a necessidade de, na escola, evitarmos cair em excessos, tornando a matéria muito especializada, como é disso muitas vezes exemplo a actividade de observação de aves.
Também a esse propósito relevo-as apenas como um meio, um instrumento eficaz: com elas facilmente viajamos pela História, pelas Artes ou pelas Ciências Exactas. São uma recompensa para atingirmos tarefas formais, mais exigentes e rigorosas mas também para alcançar visões holísticas. O seu contributo é igualmente essencial para mobilizar para a compreensão da Ecologia, do delicado equilíbrio da relação Homem – Natureza, da Biologia das espécies que com elas convivem, da leitura das paisagens e dos agroecossistemas nelas implicados.
Aliás, divagando um pouco...sobre a interpretação da paisagem e da compreensão do uso da terra pelo Homem reencontrei, um destes dias, Orlando Ribeiro e a sua obra-prima “Portugal – o Mediterrâneo e o Atlântico”. É um livro-lugar onde todos deveríamos ir beber regularmente sob pena de esquecermos como tudo era e evoluiu antes de ser betão, alcatrão e barragens.
Esvoacei depois noutra publicação interessantíssima, o Atlas das Aves nidificantes em Portugal, para o qual tive o prazer de contribuir com trabalho de campo. Também nos seus capítulos se reforçam as Aves como matéria que nos conduz para uma leitura que está longe de ser redutora ou especialista: biogeografia; bioclimatologia; a paisagem vegetal e o uso do território ao longo do tempo; os impactos das alterações nas zonas húmidas, das florestações extensas, das alterações na agricultura e pastorícia, das alterações climáticas, etc.
Mas como procurava uma obra mais acessível aos meus alunos, acabei pousando o olhar em “Portugal Animal” da Clara Pinto Correia – era o que pretendia. Não é um guia de espécies, é antes um guia para a compreensão dos ecossistemas portugueses, com especial relevo para os agrossistemas e para a relação do Homem com a Natureza. É também um livro repleto de estórias de homens e animais, para miúdos e graúdos, cheio de potencial para a compreensão da interacção do mundo natural com o mundo rural.
Desta feita ficou o convite à leitura... que é também uma bela forma de voar... e de ensinar a voar.

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